Pages

sexta-feira, 8 de junho de 2012

As sete maravilhas de Salvador!











Lendo os jornais, encontrei  estes artigos falando de Salvador. Para mostrar aos Soteropolitanos como a nossa cidade está sendo bem cuidada. Diz o JC Teixeira Gomes, jornalista, membro da Academia de Letras da Bahia: "É preciso que os baianos saibam avaliar a real importância do voto para mudar o poder e beneficiar a sociedade, e se preparar para usar seu VOTO com consciência nas próximas ELEIÇÔES."
 



Nelson Cadena: As sete maravilhas de Salvador


Lagoa do Abaeté, Elevador Lacerda e Pelourinho já eram. Esses cartões-postais não mais existem a não ser no imaginário dos turistas. Os baianos estão carecas de saber que o sujeito arrisca-se a encontrar as cabines do elevador em manutenção, ou os funcionários em greve, e o Pelô, quem se atreve a ir hoje em dia? O Pelourinho deixou de ser um atrativo turístico, relegado ao abandono do poder público, assim como a Lagoa do Abaeté que não mais é a lagoa escura arrodeada de areia branca de Caymmi. Está na hora de renovarmos os cartões-postais da cidade e nessa iniciativa sugiro, como Sidon que elencou as Sete Maravilhas do mundo antigo, nomear as Sete Maravilhas de Salvador. Sete monumentos que são extra-ORDINÁRIOS no sentido de diferenciados pelo seu contexto de serviços para lá de inusitado.
A primeira maravilha seria o Metrô que me parece é hoje o maior atrativo turístico da cidade, cartão-postal para a Bahiatursa incluir nos seus roteiros com guias especializados informando aos visitantes como foi possível torrar um bilhão de reais para erguer seis quilômetros de colunas de concreto e estações esquisitas e como tudo isso aconteceu sob o olhar complacente e displicente de autoridades de todos os poderes. E então promover viagens de helicóptero para conferir de perto o eterno canteiro e fotografar as obras sem fim, no clima de trilha sonora da musica ‘Otário’ de Cássia Eller.

A segunda maravilha de Salvador poderia ser o Rio Lucaia, que corre majestoso entre as proximidades da praia do Jardim de Alá e o Rio Vermelho e tem o seu ponto de observação mais nobre, atrativo turístico, na passarela entre a rodoviária e o Iguatemi. Quem vê nunca esquece e, se respira fundo, inalando ar nos pulmões, não esquece mesmo. A terceira maravilha proponho seja a Praça Cayru com os seus casarões centenários equilibrando-se entre andaimes e estacas (um desafio às leis da engenharia) e a imponência clássica das ruínas do sobrado azulejado que um dia foi ponto de venda de uma rede de supermercados.
A quarta maravilha de Salvador, essa sugestão é de graça, deve ser a Estação da Lapa. Em nenhum lugar do mundo se construiu algo mais sinistro e o roteiro turístico poderia priorizar a observação dos usuários se acotovelando para subir no coletivo e as ferrugens expostas, em registros fotográficos impagáveis. Cartão-postal da orla de Salvador, a quinta maravilha poderia ser o Aeroclube, também um monumento sem referência em outro lugar do planeta. Na península do Yucatán, no México, os turistas admiram as ruínas das pirâmides Maias; aqui podemos exibir as ruínas de um parque que nunca existiu e do projeto de shopping que cada vez mais se aproxima da proposta original de ser um empreendimento a céu aberto. E bote aberto nisso. 
A sexta maravilha sugiro seja a frota do sistema de ferryboats: sucata sujeita a ficar à deriva no mar. Nenhum outro serviço congênere nos oferece a possibilidade de uma aventura com essa dose de adrenalina. Os turistas poderão fotografar as ondas batendo no convés, ou os banheiros sem igual no imaginário do terceiro mundo e ainda se deliciar com os ‘ótimos’ petiscos da cantina. E se tiverem sorte poderão apreciar a queda de um carro na água. A sétima maravilha, essa deixei para o final de propósito, recomendo seja o Parque de São Bartolomeu com o diferencial de mata atlântica fétida, rios de espuma desaguando próximo de bares ruidosos, com suas putas alegres e malandros bebendo todas e fumando maconha; ‘patrimônio ambiental’ para mostrar ao mundo o tamanho de nossa burrice.
Afinal, somos diferentes. Em nenhum outro lugar o poder público desafia a natureza com tamanha competência. É o limite da irresponsabilidade e essa noção sem limite já é um bom pretexto para exibir o nosso topete.

Nenhum comentário:

Postar um comentário