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sábado, 28 de novembro de 2020

Guardiãs dos tratados.

Créditos da foto. 

Ah! Gregório!

Tens razão! 

Quantas falsas

Promessas!

Quantas gentilezas vãs! 

Tantas flores lindas

Decepadas 

Pelas mãos

Astuta e ligeiras

De quem da vida

Não entende nada!

Oh! Bahia amada!

Do litoral do amor

Aos extremos efes 

Das cidades

Desenhados nos rostos

Sem piedade!

Restam os efes dos poetas!

Do falar e do fazer!

Os anjos das catedrais

Guardiãs dos tratados!

Calarem-se… Jamais!


Nice Veloso.

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Versos cabotinos


Papel espesso
Nas paredes
Ar pesado
Nos insalubres botecos
As cores desmaiam
À força da luz
Os esquifes agorento
Absorve o movimento
Dos teatros e dos cafés
Sugam o entusiasmo
Nostálgica paisagem
Singram no mar da pátria;
Carcaça de um velho barco
Da voz agônica — desolada!

N🎼V🦋

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Tudo ficou deserto.

De repente 

Tudo ficou deserto

Sem te-lo por perto

Longe da tua companhia

Sem sentir o aroma

Da tua poesia!


Meu corpo arde em febre;

Minha alma a suspirar

No silêncio 

Meu amor se faz intenso!


Nice Veloso.

Na rua do teu olhar.



Ah! Leva-me
Para passear
Caminhar na rua 
Do teu olhar
Outro tempo começar
Numa rua vazia 
Respirar tua poesia
Dar de mim
Sem utopia
Minhas asas resgatar
Cruzando os mares 
Que fulgura em teu olhar!

Nice Veloso.

terça-feira, 17 de novembro de 2020

A vida, onde ficou?

Créditos da imagem. 

Pensou Sui:

Vida mais louca!

Cuida com todo amor

Com tanto carinho

Todo ano celebra 

Seu envelhecimento

Constroe sonhos

O coração da gente

Transborda amor

Com um sopro de vento

Tudo acabou!

Em um buraco na terra

Transforma-se em

Alimento

Para as formigas;

Os micróbios

Sem pudor!

Entristecida

A Sui se perguntou:

A vida, onde ficou?

Desolada 

Ela mesma respondeu:

No coração de quem

O amou!


Nice Veloso.

Exposta ao sol.


Viajo nesta 

Longa estrada

Cruzando rios 

Cruzando mares

Um tanto desligada

Sinto os meus pés 

Fora do chão 

A sobrevoar no céu 

Exposta ao sol

Secando as lágrimas 

De saudade

'E' as feridas 

Que tenho na alma!


Nice Veloso.

Encontro.


Saí à procura

De ti!

Te encontrei

Em cada 

Pedaço 

De mim!

Que chora

Que rir!


Nice Veloso.

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Troca o disco da vitrola.


Pára o mundo!

Está tudo escuro

Os caminhos tortos

Cheios de pedregulhos

O mundo está perdido

Gira sem sentido

Perambulando gestos

Desiludidos

O eu no mundo endurecido;

Fenece a cor

Do vestido

Da existência

Que vestia

Os tecidos finos

Do dia a dia!

Gira o sentimento:

Do mundo

Do ser emoldurado

Na triste solidão

Dominante e dominado

Tem jeito rude de ser, nada!

O eu do homem 

Iludido

O som da terra; 

Oprimido!

E agora?

Troca o disco;

Da vitrola

Mudar é preciso

É chegado a hora!


Nice Veloso.

domingo, 15 de novembro de 2020

Desencontro.


Poderia

Te receber;

Com flores!


Não fosse;

O teu olhar

Tão descontente

Na flor que é 

A nossa gente!


Não vê que a flor de lotos;

Nasce, com a semente?

O céu está para toda gente? 


Navegaríamos

Pelo céu;

Dos diamantes

Refletindo luz

Na escuridão!


Do amor à nossa poesia;

Brotar, flores — nas mãos!


Nice Veloso.

O vento levou.


O vento levou!
As folhas de outono
O aroma do jardim 
Deixou as ruas desertas
Até me levou de mim!

O vento levou;
Como as águas 
Dos riachos
Sem a nascente
Retornar
Tombando nas cachoeiras;
Até encontrar o mar!

Tempo, tempo
Senhor de todos 
Os momentos
Será que trará de volta:
Tudo que o vento levou?

Nos olhos; 
Do mundo, a paz;
Na boca da noite, amor
Nos quatros quadrantes
Da terra
Brincando de sentir, dor!

Os arvoredos;
Sentem saudades
Das folhas que o vento levou!
Chora flor-de-esperança!

Vazio que o vento deixou!

Eu me quero de volta!
Com sorriso de criança
Espelho sem carranca
Na vida, perseverança 
Posto que, a minha.'alma:
Temperança!

Nice Veloso.
 

Tudo passa.

Mudam-se os tempos!

Os ventos

Até os graves tormentos

Mudar a si

Eis o intento

Contentamento 

Descontente

Mudança dos velhos;

Tempos

Resta a esperança;

Vida em bonança 

Nos corações humana flor

A exalar tão puro amor!

A alma transformada

Voa mares 

Percorre estradas

Verdes campos

Sonhos alados

Dias de sol

Noites, enluarada

Da consciência renovada!


N🎼V🦋

 

Falso diamante.


O anel de pedra preciosa

Que eu guardava

Símbolo da nossa

Amizade

Descobrir que era falso;

Minha sensatez 

Não me deixou iludir

Nem meus sonhos

Perecerem 

Quando o anel; 

De vidro se quebrou

Não havia humanidade

Nem havia amor

Percebi:

Aquele poeta 

A si, não amou!


N🎼V🦋

Versos cabotinos.


Tantos bem apanhados

De aparência Impecável

Andam sempre entretelados

Outros tantos, rebotalho

Fragmentos de retalhos:


Nas burletas singulares;

Espalham sensibilidade

Sem se sentir humilhado

Anda de sol a sol!

Sabe a cartilha de cor.

Nossa essência

É o pó.


N🎼V🦋

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

O cântico do Jatobá


Não mais ouvirás 

O cântico do jatobá 

Pobre dos pobres

Ver outro pobre chorar!


As lágrimas que correm;

Há tristezas para vencer

Lágrimas de fome

Deprimente de ver!


Não mais ouvirás; 

O cântico do jatobá

Em terras firmes

Renascerá! 


O céu azul em ti;

Pobre… Um dia…

Há de brilhar!


Nice Veloso.

domingo, 8 de novembro de 2020

Coruja e cotovia.

Créditos da foto.

O núcleo 

Supraquiasmático 

Responsável

Por minha sinfonia!

Anda atrapalhado

Nada do que eu previa!

Às vezes sou coruja 

Outras vezes 

Eu, cotovia.

Alma inquieta de noite

Fera ferida de dia

Em um mundo 

De faltas e abismos

Aspirando o nada

Das vidas vazias!

Seguem em frente

O poeta e a poesia!


N🎼V🦋

 

Louros do puro amor.


Tu nem sentes

O frio que passa 

Na espinha 

Que arrepia!


Tu não sabes; 

Dos delírios

De uma flor!


Rompendo os ares;

Os vales

Encantando borboletas

Sendo estigma do beija-flor.


Tu não sentes;

O despetalar 

De uma flor

Não vês? Sangrou!

São louros do puro amor!


N🎼V🦋

Ânima.


Ânima! Onde estás? 

Quero que me cubras de luz!

Me enchas de paz!

Para que eu continue

A viagem em harmonia

Deslumbrada 

Com o raiar do dia.

Encantada com o por do sol!

Ânima! 

Não me deixes só 

Estou a morrer…

Quanto langor!

Morrendo em meu amor!


N🎼V🦋

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Espelho d'água.

No espelho d'água
Vi uma imagem
meio desgastada.
Sigo sozinha a pensar!
A deriva — no mar.
No teu amor, a sonhar!
Levo comigo a tua voz.
Guardo lembranças
do teu olhar!
No portal da vida
Entre o céu e o mar.
Na lua cheia
Vou-te encontrar.
O farol da vida
há de iluminar
o espelho d'água:
há de guiar-me!

Nice Veloso.

A menina que andava só

Pelos caminhos que ia;

Dissipava sua tristeza

Com a suave melodia

Das folhas secas que caim!


As aves que gorjeavam;

Dentro de si reluzia

A deixava deslumbrada

Seu pensamento sorria!


A natureza estendia;

O seu florido lençol

Ao norte vislumbrava

As luzes do arrebol!


Em seus braços de menina;

Lindo ninho de rouxinol 

A deixava tão bonita

No espelho, gira-sol!


Levando dentro de si;

Todos os astros do céu

Cobriu o seu coração 

Com um luminoso véu!


Nice Veloso.