Paisagem além do muro

Sinto-me paisagem

Além do muro

Entre as palmeiras

'E' eternos seringais!

Flores humanas

Tão cheirosas

Tão bonitas!

Jardins da vida

Crescem cheios

De esperança

Nos Alagadiços 

Onde crescem

Os juncais!

Crescem as orquídeas

Flor tão bela

As violetas

São sensíveis e singelas!

Ah! As margaridas!

Sorridentes!

Também existem

Flores pungentes

Em paisagens desiguais!

Nice Veloso.

Estrela-d'alva

Oh! Estrela Dalva!

Que brilha no céu 

Toda manhã 

Em minhas mãos 

O pão e o vinho 

Contemplar 

É o caminho!

Na via láctea 

Da superação! 

Livre das aparências 

'E' das prisões

A lucidez do olhar 

Das atitudes

Rompem a escuridão

Onde as ações 

São quimeras

O amor ilumina as trevas!

N🎼V🦋

Insones firulas

Não sou obsessiva

Sofredora 

Cada qual geme;

Com a sua dor

Sua vã loucura

Apagar do mundo

Insones firulas

Faça fremir a luz

Hosana nas alturas!

N🎼V🦋

 

Alma sonhadora.

Venho há décadas

Vendo o céu, mares: 

Lua, estrelas

Dias e noites

A natureza

Tudo de uma infinita

Grandeza! 

Oh! Alma sonhadora; 

Abandona o transitório 

Os lânguidos gemidos

Abre os olhos

Acima, o infinito

Ergue as mãos 

Revela o verdadeiro

Luta insana

O sagrado e o profano

Num intuito derradeiro!

N🎼V🦋

Deixa o amor te resgatar.

Não fique triste

Nem é preciso chorar

Escute o som!

São os acordes; 

Do meu coração 

A te chamar!

Vem!

Não precisa corar

O meu coração 

Manhoso

Tão carente;

Tão dengoso

Querendo te amar!

Sinta a vibração no ar!

Deixa o amor te resgatar!

A dor não pode eternizar!

N🎼V🦋

A fé

A fé é um escudo! Atravessa a escuridão Iluminando tudo! Rompe os grilhões; Que não dão paz Às almas mudas E fechadas! Na prisão de si; Abandonadas! A fé reveste de azul; O céu da alma! Indo além Das aparências! Romper as barragens da fé; Deixa a alma sorridente Imortal transcendente!

Nice Veloso.

Ah! Quem dera!

Ah! Quem dera!

Nas cidades; 

vingassem lumes

Das ruas, doce perfume!

Do peito das criaturas

Dores de tanta ternura!

Que a saudade;

Ficasse

Daqueles tempos;

Tão mudos!

Da fúria dos vendavais!

Da ira dos infecundos!

N🎼V🦋

Coração clepsidra.

Eu queria ter

A estatura

Do século XXI

O meu coração; 

Não batesse depressa

Adiantando às horas.

Da vida do mundo!

Para ver; 

Aonde o amor 

Infunde!

Qual cupim; 

No tronco

Entranhado

Espaço mudo;

Liberdade infinda

Do coração 

Clepsidra!

O amor agasalho; 

Da vida!

Nice Veloso.

O poeta e o peão

Entre o poeta e o peão!

Numa sorte dividida

Abre-se a cancela da vida!

Seguindo para;

O desconhecido 

Sumindo pelo abismo

Que faz o poeta pensar!

Eis o poeta e o peão; 

Pela vida a pelejar

 

O peão, seus passos ecoam:

O poeta seu cântico 

Entoa… A poesia voa!

N🎼V🦋

Nos mangues das avenidas

Ao invés de peixe

Pescam lixo

Nos mangues

Das avenidas

Que são vendidos;

Nas bancas

Embrulhados

Em jornais.

Talvez o mangue

Seja o berço da vida!

Dos poetas

Dos boêmios

Entre o néon

E a parabólica

Uns riem

Outros choram!

Evoé! 🌹

N🎼V🦋

A noite que fugia

Estava a olhar

A noite que fugia

As ruas desertas

Sem nenhuma

Agonia

Os pássaros-azuis

Nem o silêncio

Da noite varou

Jovens namorados

Sem sussurros de amor

Beijos imaginários

Não vingou

O pensamento

Apaixonado

Suplicando amor

A noite que fugia

Sem desalento

Sem langor

N🎼V🦋

O abraço do tempo

Envolvida e consumida

Com o abraço do tempo

Sofrida… Sou bem resolvida!

Ao tempo, peço um tempo

Ando de bem com a vida!

As estrelas brilham

no firmamento.

Sigo o bailar do vento!

De autoestima elevada

componho momentos.

Pensamentos

viajam contente.

No néctar do luar

Degusto um expresso 

Na linha do tempo!

Nice Veloso.

Canção da lua!

Gosto de olhar o céu! 

Antes de ir dormir

Para inebriar-me de luz!

Enxergar a beleza; 

Com os olhos da alma 

'E' mergulhar

Em sua imensidão!

Talvez… Queira me iludir; 

Reencontrar-me em mim!

Nos luares que vivi!

Ah! A lua… Me é sempre;

Um encanto

Quando ela brilha

Inteira para mim!

Rasgando as nuvens;

Que encobrem a cidade!

Em um canto, sossegada;

Ouso a perguntar-me:

No espelho do retrô 

O que restou da mocidade?

Nice Veloso.

De alma nua

Sonho com

O teu sorriso

Feito o sol

Namorando a lua!

Sobre o mar;

A nuvem flutua!

Se te pudesse; 

Dizer 

Num lamento;

De alma nua

Eu diria:

Para sempre

Serei tua!

Nice Veloso.

Não sigo modismo.

Talvez este seja

O meu último poema

Não por falta de vida

Nem chega ser um problema

Rezo por que tenho fé 

Não sigo nenhum modismo 

Amo sem ironia

Não falo as escondidas

Respeito qualquer

Ausência 

Disso tenho

Consciência.

Não me entendes

Prefiro ficar calada

Para que não me julgues 

Se de mim

Saberes nada!

N🎼V💙

Penso em te!

Penso em te!

Um amor sereno

E bom

Como o romper

Da aurora nas manhãs!

Penso em te! A deslizar nas asas Do condor Trazendo em tua aura O vigor! Em vibrações; Singelas das canções Revigorar à terra Fértil do amor!

A desdobrar; Fibra por fibra O coração! A desvendar a nobreza; Do signo de leão! Nice Veloso.

A Sui está de miolo mole!

Para mim, a Sui está de miolo mole. 

Como pode, uma menina estudada, morando na capital falar tanta bobagem? Vejam se eu não tenho razão de pensar que ela endoideceu? 

Disse Sui: 

— Estou preocupada com os BESOUROS! 

— que besouros, menina?

— os besouros rola-bosta na cabeça depois depositam nas URNAS. 

Pensei — a pobre pirou, de vez!

Nice Veloso.

Seja o altar do amor.

Ó! Noite majestosa!

Dos amantes e das trovas

Do luar de prata

Desce sutil

Iluminando a praça!

Estrelas entornam lumes;

Feito, larvas de vulcão;

Despedaçando 

As nuvens escuras;

Das tormentas

Dos indolentes mandriões!

O sol que rompe às manhãs;

Num parto gentil sem dor

Em cada peito

Seja o altar do amor!

Nice Veloso.

Musical da natureza

O som do vento
Cortando o ar
Como se fosse 
Uma sinfonia

Acordes 
De sentimentos;
Pura energia
A melodia que nela faz!
Trazendo, alegria

Amor e paz!

É o musical da natureza:
Em sua beleza 
Toda grandeza

Em sua expressão poética;
Gramática, aritmética
Da poesia sem métrica
Propaga na imensidão.

O som das árvores;
Que balançam
As aves que gorjeiam 
Em escalas musicais 

Os animais e seus mugidos;
Os rios, as cachoeiras
O som do riacho
Mais parece flauta doce
Das cascatas
Som que traz  
Sabedoria "avôhai"! 

O vai e vem das ondas:
Os peixes com sua dança
Do mar que não se cansa:
Do vai e vem das marés!

Coqueiro, que suas palhas:

Balançam

Som das gaivotas, ao voar!
Nuvens formando temporal
Na areia, som de timbal. 

Do homem e suas andanças;
Dos ruídos ancestrais 
Compondo frases musicais.

Nice Veloso.

Só as mães sabem

Ouço o barulho do mar

Ondas se estendem na areia

O vento, o coqueiro

A balançar!

Tudo calmo

A vida parece sossegar

Na voz amena do vento

O amor parece repousar!

Menos o coração

De mãe — aflita

Em seu amor medita!

Tudo sereno ao redor

Não percebem

A mãe que vive só!

Nice Veloso.