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segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Mar de tanta peleja

Sol a pino segue a esmo o sertanejo.

Leva esperança no alforje

a alegria na algibeira

na sombra do Juazeiro

deita os seus sonhos na rede

deixa o vento balançar!

As mãos calejadas de duras jornadas

São virtudes forjadas no seu coração!

Tem braços fortes, não teme ao cansaço

Caminha sem pressa, com os pés no chão!

Se a tristeza insiste em lhe acompanhar

Ele deita na rede e aprecia o luar

Ouve o cantar dos passaríamos 

varando o silêncio do lugar!

O sertanejo vive à míngua

Sem chuva e sem o que plantar

No brilho de sua enxada

— sobrevive ao Deus-dará!

Padece sem sentir a terra molhada.

Sem ver no tempo a viração

que sopra boas, semente

para fazer a plantação!

No mar de tanta peleja

— dos homens sem coração.

Maldizem do sertanejo

— sem conhecer o sertão!

O sertanejo sobrevive

Em meio a saga do sertão!


Nice Veloso. 


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