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sexta-feira, 16 de março de 2012

Fragimento extraido do Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago.



 José Saramago http://pt.wikipedia.org/wiki/Ensaio_sobre_a_Cegueira
 Um dos maiores visionários modernos. De uma sabedoria extraordinária. E retrata uma época sombria e aterradora que vivemos de uma maneira contundente. Ele nos faz refletir para recuperarmos a lucidez e resgatarmos o que há muito tempo se perdeu no labirinto do sentimento humano. O afeto, o amor, o respeito, a ética, e de tudo, tudo que perdemos. A final, tudo que temos é o que realmente somos.

“Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem”
“O medo cega, disse a rapariga dos óculos escuros, São palavras certas, já éramos cegos no momento em que cegámos, o medo nos cegou, o medo nos fará continuar cegos, Quem está a falar, perguntou o médico, Um cego, respondeu a voz, só um cego, é o que temos aqui.”
“Lutar foi sempre, mais ou menos, uma forma de cegueira, Isto é diferente, Farás o que melhor te parecer, mas não te esqueças daquilo que nós somos aqui, cegos, simplesmente cegos, cegos sem retóricas nem comiserações, o mundo caridoso e pitoresco dos ceguinhos acabou, agora é o reino duro, cruel e implacável dos cegos, Se tu pudesses ver o que eu sou obrigada a ver, quererias estar cego, Acredito, mas não preciso, cego já estou, Perdoa-me, meu querido, se tu soubesses, Sei, sei, levei a minha vida a olhar para dentro dos olhos das pessoas, é o único lugar do corpo onde talvez ainda exista uma alma, e se eles se perderam”

2 comentários:

  1. Muito boa a abordagem e bem lembrada a figura de José Saramago (1922-2010), com seu justo Prêmio Nobel de Literatura de 1999 e sua visão muito apurada da realidade, o qual nos deixou grandes ensinamentos do que seja cidadania, humanidade etc.

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  2. Obrigada André! O seu comentário enriqueceu o meu blog! Num mundo em que às vezes pensamos não ter jeito e que tudo está perdido encontramos pessoas sábias, a nos incentivar mostrando-nos que tudo depende de nos. De resgatarmos o amor, a cidadania e a civilidade! Procurando colocar sempre o outro dentro de nos! E respeitarmos a vida como um todo. Diz Nitiren Daishonin: “Não enxergamos nossas sobrancelhas tão próxima imagine o céu tão distante!”

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